Nós que vivemos em modernas
democracias, nos julgamos pessoas livres. Cristãos, especialmente Evangélicos,
também se gloriam de sua fé libertadora. Porém, será que somos livres, de fato?
Geralmente pensamos
que escravos são pessoas pobres e tristes, de passado ou lugares remotos. Até
podemos concordar em que há pessoas mais felizes do que outras, que, em geral,
pessoas que vivem no chamado primeiro mundo são mais felizes que as que vivem
no terceiro, que pessoas ricas e saudáveis são mais felizes que as pobres e
doentes, e aquelas que vivem em lugares quentes e claros são mais felizes que
as que vivem em lugares frios e escuros.
Apesar do Brasil não
ser um país do primeiro mundo, os brasileiros são considerados e se consideram
felizes, suas praias, suas festas, especialmente o Carnaval, são amostras desta
felicidade. Por isso, os brasileiros também se sentem livres. Porém, nem todo
escravo é infeliz.
Na verdade,
preferimos a escravidão, desde que sejamos felizes; nos acomodados à escravidão
e abrimos mão da liberdade, se o custo desta for alguma tristeza. A pior forma
de escravidão é a enganada e passiva, quando trocamos a liberdade por alguma
forma de felicidade, satisfação; como é por exemplo a escravidão ao álcool e às
drogas.
Entretanto, existem
formas mais sutís de escravidão, que aparentemente não trazem consequências tão
devastadoras quanto a dependência do ácool e das drogas.
Pensemos na
dependência dos modernos ídolos e shows da era mais rica e próspera da
humanidade, apesar da miséria que assola várias regiões. Miséria que os
habitantes do primeiro mundo ou os moradores das áreas nobres das cidades somente
vêem como parte de algum show de TV, ou, poderiam ver, se passassem por ruas de
alguma área abandonada na cidade, ou entrassem em algumas verdadeiras favelas,
nunca nos ricos shopping centers.
Pare e pense em quanto
você gasta para viver feliz: quanto custa o seu “celular” e o plano que você
paga para desfrutá-lo? Quanto custa o pacote de TV por assinatura, e quanto a
mais, você se quiser ver o jogo entre o Barcelona e Real Madri? Quanto custa o
sapato, a bolsa, calça ou camisa de suas marcas preferidas?
Estamos pagando um
altíssimo preço pela nossa felicidade, estamos gastando toda a nossa renda
comprando as coisas que nos trazem felicidade. Além de comprometer toda a nossa
renda, estamos pagando juros altíssimos para garantir nossa felicidade.
Passamos a vida inteira pagando juros da casa ou apatamento, do carro, da TV,
computador, tablet e similares. Pagamos juros de cartão de crédito para comprar
alguma roupa de marca, ou aquela camisa com o número e o nome do nosso ídolo
(deus) do futebol.
A idolatria desta
moderna Babilônia (cidade ou sociedade) em que vivemos nos custa muito caro, nos
faz vender nossa liberdade, a nós mesmos, para “comprar felicidades”. Idolatramos
artistas, desportistas e nomes ou grifes; por isso, ao final de cada mês
voluntariamente teremos trazido ao “altar” dos nossos ídolos grande parte do
nosso salário, além do sacrifício ou consagração de nosso futuro (e de nossos
filhos) na forma de juros e débitos.
Consideremos a
presente situação do Brasil; o país está em meio a maior crise política,
econômica, moral, social e de saúde pública, em toda a sua história. Isto
acontece pouco depois de uma Copa do Mundo de futebol que deixou várias
suntuosas arenas esportivas que que contrastam com grande calamidade vista nas
reuas, especialmente em hospitais e escolas. Apesar disso, o recente Carnaval
foi um sucesso, e os Jogos Olípicos estão se aproximando, debaixo de todos os
holofotes.
Como povo e como
indivíduos devemos tomar uma atitude, se percebemos que que nosso barco ou
navio está indo de encontro a um iceberg, temos que fazê-lo parar, e mudar de
direção. Não podemos continuar descansando no barco ou festejando no
transatlântico.
Ainda que não
estivéssemos vendo algum sério obstáculo à frente, deveríamos considerar que
ele pode estar escondido, e que, se batermos nele, certamente afundaremos.
Pense, se não está
na hora de “parar a festa”, o “culto dos nossos ídolos”, encarar, assumir a
tristeza que isto vai causar, mas lutar (primeiro contra nossa própria
natureza) para alcançar a nossa liberdade.
Não está na hora de
parar de comprar os “produtos de nome”, os alimentos processados (mais gostosos
e práticos, e mais caros e danosos à nossa saúde)? Que tal dizer não às roupas
cujas marcas custam dezenas de vezes mais que o produto em si, e cancelar a TV
por assinatura?
Como povo, não
passou da hora de mostrar aos nossos líderes que não nos distraímos com “pão e
circo”, e que fazemos questão de que eles prestem contas dos serviços para os
quais foram eleitos ou designados?
É melhor, se necessário
for, ser um triste liberto que um escravo alegre. É melhor ser um pobre livre
que um rico escravo; um pobre livre faz melhor uso e investimento de seus
parcos recursos que um rico escravo. Um triste pobre livre se enriquece;
enquanto o alegre rico escravo se empobrece.
“Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na
minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e
a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência de
Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos
digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. Ora, o servo não fica para
sempre em casa; o Filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos
libertar, verdadeiramente, sereis livres. ” (João 8.31-36)
“E, como aconteceu nos dias
de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem. Comiam, bebiam, casavam e davam-se em
casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e consumiu a
todos. Como também da mesma
maneira aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavame edificavam. Mas, no dia em que Ló saiu
de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre, consumindo a todos.” (Lucas
17.26-29)
“Senti as vossas
misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza.
Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.” (Tiago 4.9-10)
“Os que semeiam em lágrimas segarão com
alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e
chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.” (Salmos 126.5-6)